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Desemprego vs. Níveis de Ensino; Desemprego vs. Áreas de Ensino

21 Mar

Antes de mais importa desmitificar: estudar e tirar um curso superior ainda é uma vantagem para entrar no mercado de trabalho.

Para muitas pessoas pode nem haver qualquer dúvida mas, nos últimos tempos, na sequência do lamento dos Deolinda, a que se seguiu um movimento fundado num sentimento de legitimidade válida mas de critério amblíope e de finalidade enviesada, têm-se ouvido algumas barbaridades sobre a importância de estudar ou não, como forma de garantir um futuro melhor.

Os dados estatísticos são inequívocos. O gráfico seguinte (retirado do estudo “A Procura de Emprego dos Diplomados com Habilitação Superior”, referente a 2010, do GPEARI) mostra a evolução do número de inscritos nos centros de emprego, por meses e níveis de ensino, de Junho de 2005 a Junho de 2010. É bem evidente que a quantidade de inscritos nos centros de emprego diminui à medida que se avança no nível de ensino. Se excluirmos a categoria de desempregados sem qualquer instrução (que apresenta valores baixos porque, felizmente, já há poucas pessoas sem instrução em Portugal), constata-se que o nível de instrução tem uma relação inversamente proporcional aos números do desemprego. Mais, a quantidade de desempregados com formação de nível superior é substancialmente inferior à de qualquer outro nível de ensino. De facto, em Junho de 2010 havia um total de 494 668 indivíduos à procura de um novo emprego em Portugal Continental, dos quais 32 118 possuiam habilitação superior (3% da população com habilitação superior entre os 15-64 anos residente em Portugal e 6,5% do total de desempregados) (GPEARI, 2010). Somando os inscritos à procura do 1º emprego, o número de desempregados com habilitação superior sobe aos 43 324, enquanto o total de inscritos aumenta para 531 348. Isto quer dizer que, no total, somando quem está à procura do primeiro emprego e quem está à procura de novo emprego, apenas 8,15% têm formação superior.

Desempregados inscritos nos centros de emprego por meses e níveis de ensino, Junho de 2005 a Junho de 2010 (GPEARI, 2010)

Além disso, enquanto que de meados de 2008 para cá se nota um crescimento na quantidade de pessoas desempregadas com formação ao nível do ensino básico ou secundário, o número de desempregados com formação superior mantém-se praticamente estável. Tal parece indicar que a posse de um curso superior transmite maior estabilidade ao que ao mercado de trabalho diz respeito.

Além disso, os dados divulgados pelo GPEARI mostram que 71% dos desempregados com formação superior estão inscritos nos centros de emprego há menos de um ano.

Fica assim demonstrado que o nível de formação ainda conta (e muito) para a empregabilidade.

Uma queixa comum é a de que muita gente com cursos superiores (às vezes até mestrados e doutoramentos) é obrigada a trabalhar em áreas que não têm nada a ver com a sua formação. Esta é, quanto a mim, uma queixa válida, motivada por um problema real: a falta de ofertas no mercado de trabalho em certas áreas ou, se preferirmos, a saturação de determinados sectores.

Não estranhamente, há algumas áreas sobre as quais ouvimos mais lamentos e parece-me óbvio que se tratam de casos em que já há muito mais gente habilitada do que vagas para preencher; e o pior é que, nalguns casos, falamos de áreas às quais correspondem os cursos universitários com mais alunos.

O mesmo estudo mencionado anteriormente, indica que, em Junho de 2010, as áreas “Ciências empresariais”[1], “Ciências sociais e do comportamento”[2] e “Engenharia e técnicas afins”[3] concentravam 41% do total de inscritos com habilitação superior (19%, 13% e 9%, respectivamente).

Num olhar mais considerado, tendo em conta o peso da relatividade de cada caso, constata-se que áreas como “Serviços sociais”[4], “Informação e jornalismo”[5], “Ciências sociais e do comportamento” e “Indústrias transformadoras”[6] apresentam os maiores pesos relativos dos inscritos nos centros de emprego, por relação com os diplomados nessa área (9,7%, 9,2%, 7,5%, 7,1%). Por outro lado, áreas como “Serviços de segurança” (1,6%), “Matemática e estatística” (2,0%), “Formação de professores/formadores e ciências da Educação“ (2,3%) e “Saúde“ (2,3%) apresentam melhores valores de empregabilidade para os seus especialistas. Comprova-se, portanto, que existem áreas de estudos mais propensas a originar situações de desemprego que outras.

Acresce a isto que não foi nestas áreas que houve maior variação do n.º total de desempregados. Os gráfico seguinte mostra essa variação, por área, entre Junho de 2009 e Junho de 2010. Como é possível observar, houve, de facto, algum crescimento nas áreas apontadas, mas não foi nelas que o aumento foi maior. Isto quer dizer que as dificuldades em encontrar emprego dos seus licenciados não têm causa recente. Eu até diria que são recorrentes e crónicas.

Variação (%) do nº total de desempregados com habilitação superior por áreas de estudo, Junho de 2009 e Junho (GPEARI, 2010)

Pode-se ainda olhar para os números dos diplomados em estabelecimentos de ensino superior, por áreas de estudo, de 1999-2000 a 2008-2009, e constata-se que os diplomas em áreas como “Ciências empresariais” representaram 15,3% do total de diplomas,  que “Engenharia e técnicas afins” correspondeu a 9,2% e ”Ciências sociais do comportamento” a 8,1%. É claro que esta análise não é de totalmente correcta, já que apenas tem em conta a proporção de licenciados de cada área e esquece a real necessidade de mão-de-obra para cada área. Ainda assim, esta perspectiva grosseira permite vislumbrar que, de facto, existe uma incoerência entre a formação dos alunos e as perspectivas de emprego destes – continuamos a formar muita gente para áreas aparentemente já saturadas.

O que é que isto quer dizer? Por um lado, indica que existirá uma real responsabilidade das universidades e do governo por permitirem que o número de desempregados vá crescendo em determinadas áreas para as quais a procura de emprego excede a oferta e em que continua a haver uma larga oferta de vagas nos cursos superiores. Por outro (e mais importante), quer dizer que talvez seja injusto e inadequado que o governo seja o único visado pelas críticas. Muitas das pessoas que estão hoje desempregadas, formaram-se em áreas saturadas, quando já se sabia que estavam saturadas! Em primeira instância, cabe a cada um de nós a responsabilidade de escolher o nosso futuro! A opção por um curso superior não pode ser tomada de forma leviana. Tem de ser uma decisão reflectida, tendo em conta as nossas próprias características e preferências, mas também as perspectivas de emprego e de carreira que o curso possibilita. De outra forma, pode-se cair na desgraça do desemprego; e pode-se também cair no ridículo de nos vermos a culpar os outros pelas opções que tomámos.

Resumindo: continua a ser importante estudar (e, nomeadamente, obter uma habilitação superior), desde que nas áreas certas.

Uma vez optando pela área “errada”, o caminho para o sucesso terá de passar pela procura da excelência e pela preocupação de nos destacarmos dos demais, como forma de conseguirmos atingir o “lugar ao Sol”. Mas isso já é outra história, sobre a qual me poderei debruçar numa oportunidade futura.


[1] Nesta área incluem-se, por exemplo, os cursos de Administração Pública; Assessoria de Administração; Auditoria; Contabilidade; Finanças; Gestão; Gestão Financeira; Gestão de Recursos Humanos; Marketing; Relações Públicas; Línguas e Secretariado.

[2] Nesta área incluem-se, por exemplo, os cursos de Antropologia; Ciência Política; Economia; Estudos Europeus; Geografia e Planeamento; Psicologia; Relações Internacionais; Sociologia.

[3] Biotecnologia; Engenharia Biotecnológica; Engenharia Electromecânica; Engenharia Electrónica; Engenharia Electrotécnica; Engenharia Industrial; Engenharia Informática; Engenharia Mecânica; Engenharia Química.

[4] Ciências do Desporto; Educação Física; Gestão Hoteleira; Turismo.

[5] Nesta área incluem-se, por exemplo, os cursos de Ciências da Comunicação; Ciências da Informação; Comunicação Social; Jornalismo.

[6] Cursos de Engenharia Alimentar; Engenharia Cerâmica; Engenharia de Materiais; Engenharia de Minas; Engenharia Têxtil.


Referências Bibliográficas:

GPEARI (2010), A Procura de Emprego dos Diplomados com Habilitação Superior – Relatório VII, Junho 2010

 
4 Comentários

Publicado por em 21 de Março de 2011 em economia, educação

 

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4 responses to “Desemprego vs. Níveis de Ensino; Desemprego vs. Áreas de Ensino

  1. Marta Rafaela Vieira Mendes

    2 de Julho de 2011 at 18:59

    Este estudo é muito interessante e acredito que cobre grande parte das áreas que afectam estes “novos” desempregados. Eventuais soluções para este “problema” serão díficeis de equacionar. No sistema capitalista onde nos enquadramos esperamos pela “mão invisível” que reponha os níveis, neste caso, de empregabilidade. Mas este equilíbrio demora anos, e faz as suas “vítimas”. A educação em Portugal têm que ser remodelada, e não é com Bolonha que vamos ter uma educação de nível europeu e de qualidade. Será necessário muito mais. Tb temos que perceber que este problema, não envolve só o facto de as pessoas escolherem áreas saturadas. Convêm a este sistema económico, obter mão de obra barata. Sempre foi assim e sempre será. A revolução industrial iniciou-se no Reino Unido, assim que se perspectivou mão de obra mais barata, toca de abrir fábricas em Portugal e Espanha. Eles eram ingleses, alemães. E agr? Agora estão a deslocalizar as fábricas, para o Leste. Qd tds as ex-repúbicas da URSS se integrarem na UE ou começaram a ter salários altos, toca de mover as fábricas para a Índia ou o Paquistão. Estou a referir-me mais ao trabalho braçal. Qt ao trabalho mais técnico e intelectual, tb é muito melhor ter “call centers” ou centros de apoio onde podemos ter pessoas com formação superior a “dar apoio”, pagar €600 e subsídio de almoço. A contractos de 3 meses, 6 meses, recibos verdes, ainda que trabalhem lá á 2 anos ou 3! Pq é nestes locais que muitos licenciados se encontram agora. Obvia/te que isso frusta bastante as pessoas, e concordo que devem demonstrar o seu descontentamento. Qd for caro ter estes centros na europa, vão para a ìndia, ou os trabalhadores são qualificados e custam 1/5 do que na Europa. A meu ver os cursos superiores deveriam ser revistos, eliminar tds aqueles curso que ninguém sabe p/ o que servem. Estabelecer quotas de entrada, para tentar balançar a procura e oferta de emprego qd se licenciam. Mas tb se deveria dar um reviravolta laboral e política. Principal/te aqui em Portugal, a última mudança foi em Abril de 1974, e que desde aí andamos á direita ou ainda mais á direita. As pessoas têm que se aperceber que estão a alimentar o monstro que as esmaga qd não necessita delas!

     
    • Bruno Leal

      3 de Julho de 2011 at 12:19

      Concordo com tudo.
      O Governo tem responsabilidade na situação actual de desemprego e de desajuste entre oferta e procura. Tal como têm as universidades. Tal como tem o sistema económico vigente. Defendo, no entanto, que, tal como foi referido, não podemos estar à espera da “mão invisível”, seja do Governo, seja do sistema; e por isso, defendo, a necessidade de cada um tentar escolher o melhor possível. Mas se calhar, aqui, também deveria haver alguma responsabilidade de quem governa e dos pais e professores; porque, reconheço, nem sempre é fácil para um miúdo de 15 ou de 17 anos obter toda a informação de que necessita para decidir e, pior ainda, não é fácil nessas idades (ou mesmo quando for mais velho) decidir sobre o seu futuro. Há, portanto, a necessidade de disponibilizar mais informação e de os ajudar a decidir. Há tempos tive a oportunidade de dar algumas aulas, como voluntário, a miúdos do 9º ano, sobre as escolhas que devem fazer – escolha do ramo do secundário a seguir, da profissão a desempenhar, do curso superior a tirar – e senti que, se calhar, se todos os alunos tivessem acesso a programas educativos como os que são apresentados pela associação que estive a representar – a Junior Achievement – (mas, já agora, com professores melhores que eu :P), talvez as decisões fossem melhor tomadas. É aqui que pode entrar, em primeira instância, a responsabilidade das escolas, dos pais, do Governo.
      Depois, em segunda instância, há a responsabilidade das universidades e do Governo de reestruturar a oferta de cursos. No entanto, reconheço que esta tarefa pode não ser tão fácil como parece, porque é algo que terá de ir contra muitas pressões, quer de classes profissionais instaladas (a Ordem dos Médicos é o melhor pior exemplo), quer dos patrões e dos grandes grupos económicos.
      Em terceira instância, a responsabilidade do Governo está no traçar da própria estratégia económica que nos conduza. E aí, não podia estar mais de acordo sobre a navegação sempre à direita em que nos têm conduzido. A procura de mão-de-obra barata (e a consequente deslocalização de fábricas e de empresas) é um dos efeitos mais perversos da globalização capitalista. E por isso não percebo a intenção de fazer com que a nossa economia compita pelo custo de produção, quando até na China se verifica que isso está para acabar (mas isto é outra história, que pode ficar para outras núpcias). O caminho deve passar pelo aproveitamento do potencial dos licenciados portugueses, numa aposta na inovação e na produção de valor acrescentado nos produtos – é este o principal factor com influência na produtividade de um país; nós não trabalhamos poucas horas, nem estamos no trabalho a olhar para o ar (pelo menos mais do que acontece nos outros países); o problema é que o que produzimos tem pouco valor quando comparado com, por exemplo, a Alemanha; por isso a nossa produtividade é pior. Há tempos disseram-me uma frase com a qual concordo, que era algo como isto: “quando há mudança de estratégia produtiva, é relativamente normal haver aumento temporário de desemprego”; porque a mão-de-obra pode não estar perfeitamente adequada ao tipo de trabalho produzido. Em Portugal, infelizmente, acho que está a acontecer um pouco ao contrário. Estamos a caminhar para uma era da informação, uma era pós-material, uma era do conhecimento, e até temos pessoas habilitadas para ter sucesso nessa era; não adaptámos ainda foi o nosso perfil produtivo; por isso temos tanta gente nova, com formação, a emigrar. Ou melhor, em Portugal, temos as duas coisas a acontecer, porque, por outro lado, temos os desempregados mais velhos, com menos habilitações, que não se vão conseguindo adaptar a algumas alterações que vão havendo no perfil produtivo.

      Obrigado pelo comentário. 😉

       
  2. Jim

    16 de Agosto de 2011 at 10:39

    Este estudo é de facto muito revelador sobre a natureza do mercado laboral português, dando fortes indícios sobre as áreas onde os governantes devem agir, tanto para reintroduzir pessoas no mercado de trabalho, como para criar oportunidades de primeiro emprego. Infelizmente são esses mesmos governantes que nunca souberam tirar conclusões úteis sobre a melhor utilização a dar a esta informação, que, como muitos estudos feitos neste país, revelam muito mas desse momento de “iluminação” ao da “execução” permanece um abismo intransitável.

    Portugal teve o boom dos cursos superiores nos anos 90 e início de 2000, como “bons alunos” que fomos, tratámos de memorizar a lição, subverter o propósito da mesma, e quando chegámos a casa pudemos mostrar aos nossos pais (a União Europeia) o nosso diploma. Criámos cursos para tudo e mais alguma coisa e gerou-se uma falsa indústria do ensino superior, houvesse ou não necessidade para os mesmos. Acho que foi um pouco a religião de muita gente durante cerca de uma década… as universidades professavam a qualidade e disponibilidade dos seus cursos juntamente com “pleno emprego”, os fieis acorriam às catedrais e pregavam durante o período de tempo necessário para tirar a licenciatura. Formaram-se autómatos pré-programados e não profissionais íntegros. Criaram-se pequenos frankensteins (a imagem duma intenção “nobre” transformada em monstruosidade) que sob a capa duma competente interacção social (cunhas, rede de contactos), encheram quadros de empresas com pessoas que pouca ou nenhuma capacidade real tinham para desempenhar funções.

    A educação começa com a pessoa que nos cria (já nem digo pais, porque a unidade familiar é cada vez mais uma coisa dinâmica, sem estrutura fixa), aquela que nos incute um sentido de sociedade e do nosso papel. Depois passa pela pessoa que nos educa na escola (e não comento a qualidade/quantidade dos professores, é demasiado variável), depois passa pelo nosso círculo de amizades e influências (parece que hoje a única influência é o “futebolista” e a “actriz dos Morangos”, o que é grave), e se por fim ainda tivermos um ser humano com objectivos e mais ou menos centrado no que quer fazer da sua vida… chuta para a frente que alguém (a universidade), há-de dar o polimento final.

    Também temos de importar experiências sociais de resultados dúbios, apenas para servir o propósito de fundamentar uma qualquer estatística governativa… como por exemplo este fantástico sistema onde não se chumba ninguém até ao fim do nono ano, que pedimos emprestado dos britânicos.

    O que quero dizer é: sem boas fundações, não há educação de qualidade, e sem qualidade não há profissionalismo. A maior parte dos grandes profissionais que eu reconheço são-no não pelo facto que tiraram o curso certo no sítio certo, mas por mérito próprio, seja esse mérito fruto da educação (valores e princípios que lhes foram conferidos pelos pais, amigos, mentores), seja por auto-recriação e fruto da necessidade da vida (o mito do “self-made man”)…

    Confesso que quando interajo com outras pessoas no desempenho das suas funções, passo muito do meu tempo a matutar sobre a forma como essa pessoa está a desempenhar o seu papel. Dou por mim a observar o comportamento, a avaliar o profissionalismo, a questionar os métodos e os processos. Se for tomar café, ressalta-me a falta de profissionalismo de uns ou a evidente frustação de outros por estar a desempenhar funções para o qual não estudaram, fruto da necessidade. Se for a uma loja do cidadão, ressalta a “necessidade de atender” versus a própria inaptidão dos recursos à disposição dos funcionários.

    Mas também a culpa não é totalmente da liderança… é também de nós mesmos. Sou altamente pragmático e reconheço que temos muita culpa da nossa realidade. A geração anterior à minha, gabou-se dos méritos do 25 de Abril, a geração a seguir não soube aproveitar, a geração vindoura acha que o mundo lhes deve simplesmente por existirem.

    Acho que corrompemos o propósito das políticas em benefício duma mão-cheia de pessoas. Acho que cor política já não tem nada a haver com isto. Seja à direita ou à esquerda, a demagogia e a ganância reinam. Continuo a achar que é muito fácil alguns aproveitarem-se dos muitos. E sim, o mundo continua a funcionar numa lógica de “soma zero”, o lucro de uns é o prejuízo de outros, e a riqueza, essa, continua cada vez mais nas mãos de cada vez menos.

    O 25 de Abril não começou e terminou no mesmo dia, é uma obra inacabada. Foi um abrir de portas para uma nova realidade e para o qual Portugal não estava, de facto, preparado.
    Comparado com o que os portugueses estavam habituados, foi revolucionário, mudou a natureza política da sociedade portuguesa. Introduziu a democracia, mas da mesma forma que os meus pais continuam achar que “aconteceu ali”, eu continuo a achar que temos de nos mentalizar que tem de “continuar”, mas com base no bom senso, respeito mútuo e prosperidade de todos.

    Não será concerteza a nossa geração que vai fechar o circulo revolucionário, mas talvez a dos nossos filhos ou netos.

     

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