A edição de ontem do jornal The Guardian noticiou que os responsáveis britânicos se encontram a estudar uma possível alteração da sua política de combate às drogas e que encaram o modelo português, implementado em 2001, como um exemplo a seguir.
Esta acção vem na sequência do debate, que tem surgido recentemente em “terras de Sua Majestade”, sobre o combate aos estupefacientes. Várias personalidades da sociedade britânica e mesmo o British Medical Journal têm afirmado que a proibição das drogas é contraproducente e que só piora a situação da saúde pública. Um responsável do Home Office (departamento governamental responsável por várias áreas da administração interna) afirmou que estão, neste momento, a estudar vários modelos e programas sobre esta problemática. Mas o The Guardian dá especial ênfase ao modelo que Portugal implementou há já quase 10 anos e que consideram ser uma história de sucesso: a descriminalização da posse de droga no nosso país, apesar de muito contestada no início, materializou-se numa diminuição do número de pequenos crimes perpetrados com vista à obtenção de dinheiro para compra de estupefacientes, assim como numa redução de um terço no número de toxicodependentes infectados com HIV. Este nosso modelo é visto pelo jornal britânico (e, ao que parece, pelo governo do Reino Unido) como arrojado mas eficaz.
Como já tive oportunidade de referir noutra ocasião, não é a primeira vez que outros países apreciam o que por cá fazemos em termos de políticas públicas. E é um óptimo sinal que assim aconteça. Tal revela-nos que, ao contrário do que muita gente pensa, em Portugal se idealizam e implementam boas políticas e que conseguimos ser pioneiros e os melhores em muita coisa. Mas também nos ensina que, quando não o conseguimos ser, não há mal nenhum em olhar para os outros e tentar fazer como eles.
Notas Pensadas 